domingo, 11 de agosto de 2013

CRONOLOGIA (Anos 1930)*

  Saturnino Gonçalves e Júlio Dias Moreira, pilares da Mangueira. (01)

1930
MARÇO
- A Agremiação não participou do desfile deste ano;
- Em festa patrocinada pelo Turco da Rua Senador Eusébio, a Agremiação apresentou-se com dois sambas, sendo um deles controverso – "Eu Quero Nota" é citado como de 1928.
 
1931
MARÇO
- Sem participar de nenhuma competição, a Agremiação desfilou na Praça Onze (domingo, segunda-feira e terça-feira) e no Engenho de Dentro (domingo à tarde), apresentando dois sambas, "Jardim da Mangueira" e "Na Floresta". Sobre este há uma história curiosa. Depois de ouvir a música cantarolada na rua, o compositor Bucy Moreira percebeu que ela encaixava perfeitamente numa letra de sua autoria e foi com ela que o samba foi gravado.

JULHO
- No dia 07 foi fundada a Ala dos Periquitos.

AINDA NESTE ANO
- Sr. Armando passa ocupar o cargo de carnavalesco da Agremiação, função que vai exercer até 1948.
 
1932
FEVEREIRO
- Pela primeira vez a Agremiação venceu o desfile realizado dia 07, na Praça Onze (a competição ainda não era oficial, foi patrocinada pelo jornal "O Mundo Sportivo", pois somente a partir de 1935 realizou-se o primeiro desfile oficial), apresentando-se com cinco sambas;
- O enredo "Na Floresta" da autoria Maçu, é considerado o primeiro enredo escrito da história;
- A Agremiação foi a primeira Escola de Samba a utilizar o surdo em seu desfile.
 
AINDA NESTE ANO
- A Agremiação passa ser a primeira Escola de Samba a possuir uma sede própria. Inicialmente localizada na Travessa Saião Lobato, nº 07 (Buraco Quente). Mais trade ela vai ser transferida para o nº 23 da mesma travessa, onde foi construída a nova sede. Erguida através de mutirão, feito pelos sambistas e moradores do morro, o local serviu como sede administrativa e social até 1952.
 
1933
FEVEREIRO
- A Agremiação se sagrou bicampeã com um enredo em exaltação aos poetas brasileiros. No dia 26, apresentou-se com quatro sambas, sendo o título deste enredo controverso – segundo os jornais "O Globo" e "A Voz do Morro"; os livros "Memórias do Carnaval", "Carnaval: seis milênios de história" e "Acadêmicos, unidos e tantas mais: entendendo os desfiles e como tudo começou" e no site "estacao.org" o título deste enredo é: "Uma Segunda-Feira do Bonfim na Ribeira" ou "Uma Segunda-Feira no Bonfim da Bahia" e o enredo "Homenagem" teria sido apresentado em 1934;
- Depois de três anos ausente, Maçu voltou a assumir seu posto de Mestre-Sala em parceira com a Porta-Bandeira Raimunda, cargo acumulado com o de carnavalesco;
- A Agremiação levou para a avenida uma tradição baiana e transformou a pastora Zinha na representação do Arigofe (designação de um grupo de três pessoas festejando o Natal na Bahia), vestindo-a de terno branco, cartola e luva, sua primeira figura de destaque. 

DEZEMBRO
- Um pouco fora da época carnavalesca, o jornal "O Paiz" patrocinou um concurso de sambas, realizado no Campo de Santana. O embate foi travado entre as maiores Escolas de Samba do Rio de Janeiro, saindo mais uma vez vencedora a Estação Primeira, com o samba inspirado no filme "Divina Dama", o grande sucesso do momento.
 
1934
JANEIRO
- Houve dois desfiles neste ano;
- Considerado o desfile oficial, o ocorreu no dia 20, feito em homenagem ao aniversário da cidade. Realizado no Campo de Santana, contou com participação de Escolas e a Agremiação sagrou-se novamente vencedora;
- O desfile extra oficial foi realizado no Stadium Brasil, na Esplanada do Castelo, no dia 28, patrocinado pelo jornal "A Hora". Segundo o compositor Comprido, o jornal "O Paiz" também quis patrocinar o evento, mas foi recusado pelos sambistas em função das mudanças que desejava implantar nas regras em vigor – o resultado seria por aclamação (palmas). A Agremiação não participou conforme declarou o Presidente Saturnino Gonçalves ao jornal "Diário Carioca" descrito a seguir:
A "ESTAÇÃO PRIMEIRA". JAMAIS SE SUBMETERÁ A UM PLEBISCITO, DIZ SATURNINO GONÇALVES, PRESIDENTE DO BI-CAMPEÃO DAS ESCOLAS DE SAMBA (02)
     O Sr. Saturnino Gonçalves, presidente da Escola de Samba Estação Primeira, diz ao "Diário Carioca", porque não tomará parte no próximo concurso patrocinado pelos nossos colegas de "A Hora", no Stadium Brasil.
     Assim nos falou o dirigente da "Escola" bicampeã:
     "- A 'Estação Primeira', não se submeterá ao concurso do jornal 'A Hora', não porque não tenha receio da popularidade, pois temos certeza de que o povo carioca reconhece o valor da 'Escola de Samba' do morro da Mangueira, que é bicampeã, títulos estes adquiridos em júris oficiais.
     Ainda este ano, no dia 20 de janeiro próximo findo, o nosso bloco, submeteu-se a uma prova, onde também concorreram 15 'Escolas', tornando-se vitoriosa. Ninguém poderá dizer que houve 'cambalacho', pois, não conhecíamos um só, dos membros da Comissão Julgadora.
     Diante desses fatos, não poderemos, de forma alguma, por o nosso título, ganho a custa de tantos esforços, a mercê de um plebiscito popular, onde por certo, vencerá aquele que tiver maior torcida.
     Compreendemos perfeitamente que não temos privilégio de sermos eternamente campeões, mas é justo e admissível perdermos nas mesmas condições em que ganhamos, isto é, mediante o 'veridictum' de um júri criterioso.
     Por isso, a 'Estação Primeira' só participará dos concursos em que, os mesmos tenham uma Comissão Julgadora, seja esta, composta de juízes nacionais ou estrangeiros, contanto que os mesmos entendam de literatura, poesia e música.
     Só nestas condições o bloco que eu presido, porá em jogo, o seu título de campeão.
     Fica assim explicado porque a 'Estação Primeira' não participara do concurso patrocinado pela 'A Hora'".
- A controvérsia em torno do samba "Homenagem" pode ser assim resumida. Pedro Palha, autor do enredo "Uma Noite no Bonfim", estava organizando o Carnaval de 1934. Às vésperas do desfile Pedro abandonou tudo, não restando tempo para compor outro samba.

MARÇO
- No dia 15, foi fundada a Ala dos Boêmios.


AINDA NESTE ANO
- A Agremiação criou um Grupo Mirim com Bateria, Mestre-Sala e Porta-Bandeira;
- Criada a União das Escolas de Samba, presidida por Saturnino Gonçalves, então presidente da Agremiação.
 
1935
MARÇO
- É lançado o jornal "A Voz do Morro", órgão oficial da Agremiação. É considerado o primeiro periódico publicado por uma Escola de Samba;
- Segundo a Revista de Carnaval, o samba deste ano foi "Meu ideal" (que conta com duas versões), para o enredo "Tragédia". "O regresso de uma colheita: a pátria" (que o site "estacao.org" cita com título do enredo) ou "A Pátria" são os sambas citados no jornal "O Globo" e nos livros "Memória do Carnaval”: "Reminiscências do Rio antigo" e "Carnaval: seis milênios de história";
- Este desfile marcou a estreia de Hégio Laurindo da Silva, o lendário Delegado, no posto de Mestre-Sala com apenas 14 anos.

ABRIL
- No dia 26, faleceu Saturnino Gonçalves, fundador e 1º Presidente da Agremiação.
 
 SETEMBRO
- Entre o dia 25 deste mês e 08 de outubro, uma representação da Agremiação participou do espetáculo "Casa de Caboclo" no Teatro Phenix, um fato inédito para época. Faziam parte deste grupo: a bandeira; a Bateria, chefiada por Júlio Dias; coro de pastoras; Cartola e Zé com Fome entre outros componentes.
 
AINDA NESTE ANO
- Com a morte de Saturnino Gonçalves, a presidência da Agremiação passou a ser ocupada por Júlio Dias Moreira até 1937;
- Foi fundada a Ala dos Periquitos.
 
1936
JANEIRO
- No dia 22, a Agremiação recebeu em sua sede a visita do então Prefeito Pedro Ernesto, feito até então inédito. Na ocasião foi inaugurada a Escola Humberto de Campos, no Buraco Quente, foi a primeira escola pública construída em uma favela do Rio de Janeiro. Um sinal de prestígio dos sambistas e da comunidade da Mangueira junto aos administradores da cidade;
- Já no dia 31 foi a primeira Escola de Samba a apresentar-se em caráter oficial no programa radiofônico denominado "Hora do Brasil". Este programa transmitiu para o Brasil e exterior as músicas da Agremiação, através de uma cadeia radiofônica.

FEVEREIRO
- No dia 23, a Agremiação venceu com o samba "O Destino Não Quis" (também intitulado "Não Quero Mais Amar a Ninguém" ou "Não Quero Mais"), o desfile realizado na Praça Onze. O quesito samba foi determinante para a sua vitória.
 
AINDA NESTE ANO
- Dissidente fundaram a União da Mangueira, na região do morro denominada Santo Antônio.

1937
FEVEREIRO
- O desfile oficial foi realizado no dia 07, onde foram inscritas 32 Escolas, das quais só foram julgadas 16. Alegando que teria ultrapassado o horário estabelecido, a luz foi desligada por determinação do delegado Dulcidio Gonçalves. Sem luz e policiamento, a Estação Primeira foi impedida de desfilar;
- A Revista de Carnaval não reconhece o evento deste ano.

AINDA NESTE ANO
- Agenor de Castro (pai da futura Porta-Bandeira Mocinha) assume a presidência da Agremiação, cargo que ocupou até 1938.
 
1938
FEVEREIRO
- Um forte temporal no dia 27, impediu a realização do desfile deste ano. A letra transcrita a seguir é citada alternadamente como a de samba para desfile e samba de quadra:
 
"Ouvi falar nas graças pardas
Mas eu pensei que era brinquedo
Tantas que até tive medo
Lá nas matas tudo é segredo" (03)
 
- Com apenas 13 anos de idade Rivailda Nascimento Souza, a Macinha, estreou com segunda Porta-Bandeira.
- A partir deste ano, Waldemiro Tomé Pimenta, o Mestre Waldomiro assumiu a licença da Bateria, posto que vai ocupar até 1983.

AINDA NESTE ANO
- Arlindo Rodrigues assume a presidência da Agremiação, cargo que ocupou até 1940.
 
1939
JANEIRO
- No dia 19, os principais compositores da Agremiação, ente eles Cartola, Carlos Cachaça e Alozio, reuniram-se para fundar aquela que seria a primeira Ala de Compositores de uma Escola de Samba. Em sua formação inicial, contava com nomes imortalizados no cenário musical tais como Cartola, Carlos Cachaça, Isaltino Dias, Valdemiro Rocha, Manoel Matos, Aluízio Dias, Francisco Modesto, Sebastião de Oliveira, Edson de Souza, Orlando Batista, entre outros;
- A cerimônia de batismo da Ala ocorreu em 20, já no dia seguinte da sua fundação.

FEVEREIRO
- Vice-campeã do ano, a Agremiação apresentou o enredo "No Jardim", no desfile realizado dia 19.

AINDA NESTE ANO
- Faleceu o compositor Zé Criança, apelido recebido pela sua precocidade em compor.

 
* As informações que compõem esta postagem, têm como base as obras que constam na postagem referência bibliográfica.

(01) - Foto extraída da coleção História do Samba, capítulo 05, p.83;
(02) - Texto publicado no jornal Diário Carioca no dia 02/02/1934, Coluna Carnaval, a festa do povo que empolga a cidade, p.04;
(03) - Não identificado o título e nem os autores deste samba.

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