sexta-feira, 11 de outubro de 2013

SÉRIE 80 ANOS EM VERDE-E-ROSA - CAPÍTULO 04 (1988/2008): VITÓRIAS ALÉM DA AVENIDA*


A Baluarte Tia Cecéia, faz aniversário junto com a Escola (01)

PROJETOS COMO O DA VILA OLÍMPICA TAMBÉM SÃO CAMPEÕES
     O compositor Ismael Silva, que inventou o termo "Escola de Samba", porque ela ensinava a arte do ritmo, teria de usar expressão mais ampla para definir a Mangueira. Se nos últimos 20 anos conquistou dois títulos (pouco para a sua tradição), a Verde-e-Rosa tem muito mais vitórias fora da Passarela. As oficinas profissionalizantes atendem 1,9 mil pessoas na quadra. Em sua Vila Olímpica, são mais três mil jovens em projetos esportivos, educacionais e sociais. Só no último Pan 12 atletas haviam passado pelo espaço mangueirense e cinco deles trouxeram medalhas. Ismael possivelmente chamaria a Mangueira de Escola de Samba e de vida.
     O jornal "O Dia" publica nesta quarta-feira a última parte da História dos 80 anos da Verde-e-Rosa, que serão completados dia 28. A série, iniciada domingo, mostrou como sete homens, reunidos num barraco, criaram uma paixão que deixou a favela, alcançou todo o Rio e chegou a outros cantos do planeta. "Estou terminando de escrever um livro sobre 37 Escolas de Samba em Portugal. Todas querem ser a Mangueira", atesta a pesquisadora Marília Barboza.
     E olha que a Escola passou maus bocados nas últimas duas décadas. Perdeu o presidente João Dória, assassinado em dezembro de 1987, nos preparativos para o desfile em que tentaria o tri. Em livro sobre sua história, a Agremiação usou manchete do jornal "O Dia" para resumir o motivo da derrota: "Deu Kizomba no tri da Mangueira". A vitória da Vila Isabel era incontestável. A seguir, amargou colocações ruins: 1989 (11º), 1990 (8º), 1991 (12º) e 1994 (12º). À volta por cima aconteceu em 1998, com "Chico Buarque da Mangueira", em título dividido com a Beija-Flor. O último veio em 2002: em homenagem ao Nordeste.
     O pior revés veio este ano, após uma série de problemas. Ivo Meirelles deixou a Bateria depois de brigar em ensaio. O então presidente Percival Pires renunciou ao ser acusado de homenagear um fora-da-lei, e a vice-presidente, Eli Gonçalves, a Chininha, assumiu dois meses antes do desfile. A Escola só conseguiu o 10º lugar. À volta por cima, mais uma vez, está prometida.
ESPORTE E EDUCAÇÃO: INICIATIVAS NOTA 10
     Os programas sociais e educacionais da Mangueira são hoje um enredo à parte. Para manter a estrutura, a Escola emprega 400 funcionários. A folha salarial (quitada com patrocínios) gira em torno de R$ 140 mil. Mas os melhores números são sobre o alcance das ações. Os programas se espalham na Vila Olímpica, que tem 30 mil m², na quadra e em quatro postos de saúde. Participam do projeto esportivo e educacional perto de três mil pessoas. Dos 12 atletas que estiveram no Pan, três ganharam ouro: Juarez Santos (caratê), Franck Caldeira (maratona) e Kátia Cilene (futebol feminino).
     A Escolinha da Tia Neuma atende 490 crianças, de 1ª a 4ª série. Todo o material é doado. O Ciep Nação Mangueirense recebe 1,5 mil crianças e, em parceria com universidade, oferece 400 vagas em curso superior.
     A Verde-e-Rosa oferece 32 oficinas na quadra (são cursos profissionalizantes como hidráulica e marcenaria). Há cursos de atividades ligadas ao Carnaval, e a Escola mantém ainda a Casa Lar, para atender 20 meninos com problemas de deficiência.
     A Mangueira do Amanhã, Escola Mirim da Verde-e-Rosa, foi fundada em 1987. O objetivo era fazer com que as crianças pudessem conhecer e aprender a cultura do samba.
 
 



* Texto de Élcio Braga e Raphael Azevedo publicado no jornal O Dia, em 23/04/2008, p.06.
(01) - Foto, publicada no jornal O Dia, em 23/04/2008, p.06.

Um comentário:

  1. Magnífico blog, parabéns pela escolha, pesquisa e publicações.
    Temos um bloco chamado Cartola é do Catete, este blog vai nos servir de referência para os trabalhos futuros.
    Estou no facebook, entre em contato, se assim desejar.
    Abção.

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