segunda-feira, 7 de outubro de 2013

CARNAVAL DE 1962

Desfile de 1962.

FICHA TÉCNICA DO DESFILE (01)
GRUPO: Grupo I.
LOCAL: Av. Rio Branco (sentido: do Obelisco – Av. Almirante Barroso).
DATA: 04/03/1962 (domingo).
HORÁRIO DE INÍCIO DO DESFILE: 04hs.
ORDEM DE DESFILE: 4ª Escola a desfilar.
CONTINGENTE: 3.000 componentes.
NÚMERO DE ALAS: 21.
CLASSIFICAÇÃO: 4º lugar.
PONTUAÇÃO: 110,5 pontos.
FICHA TÉCNICA DE ENREDO (02)
ENREDO: Casa Grande e Senzala.
CARNAVALESCOS: Roberto Paulino e Darque Dias Moreira.
REFERÊNCIA BIOBIBLIOGRÁFICA (03)
- Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore Brasileiro;
- Carl Seidler, Dez Anos no Brasil;
- Daniel P. Kidder, Reminiscências de Viagens e Permanências do Brasil;
- Edison Carneiro, Candomblé na Bahia;
- Gilberto Freyre, Casa Grande e Senzala;
- ______, Guia Prático e Pitoresco da Cidade de Olinda;
- Henny Harald Hansen, Diccionaire du Costume;
- J. B. Debret, Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil;
- Jean de Lery, Viagem à Terra do Brasil;
- Joan Nieuhof, Memorável Viagem Marítima e Terrestre no Brasil;
- Librairie Hachette, Histoire du Costume;
- Luiz Edmundo, A Corte de Dom João VI no Rio de Janeiro;
- ______, O Rio de Janeiro do Meu Tempo;
- ______, O Rio de Janeiro no Tempo dos Vice-Reis;
- ______, Recordações do Rio Antigo;
- M. Rugendas, Viagem Pitoresca Através do Brasil;
- Macedo Soares, Dicionário da Língua Portuguesa;
- Melo Morais Filho, Festas e Tradições Populares do Brasil;
- Nina Rodrigues, O Negro no Folclore Brasileiro.
SINOPSE
APRESENTAÇÃO
      Novamente participando do desfile das Escolas de Samba, sem dúvida o ponto alto do nosso Carnaval, volta a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, primeira Super-Campeã do Estado da Guanabara, a se exibir perante o público carioca.
      Esta exibição é devida principalmente ao conforto e ao estimulo com que nos honram as autoridades Estaduais e o povo de nossa "Cidade-Estado".
      Como em todos os anos esmeraram-se os encarregados do desfile em organizar um concurso racional, de forma a cumprir as finalidades a que se destina: contentar os participantes e mostrar aos Assistentes um verdadeiro documentário do folclore regional.
      Com a grave responsabilidade de defender da verdadeira cultura popular, aqui estamos, nós e nossas co-irmãs, a lutar sem medir esforços, para a consagração final e definitiva da razão de nossa existência: O Samba.
O ENREDO: CASA GRANDE E SENZALA
      Em nosso "Casa grande e senzala" não pretendemos dividir os brasileiros da época da nossa colonização e formação em brancos e pretos, senhores e escravos. Nem o seria possível, pois no trabalho comum dos engenhos de açúcar, da mineração e das fazendas de café, os elementos formadores de nossa nacionalidade como que se amalgamaram para resultar no homem brasileiro de hoje. Sob o cantar das moendas movidas pelas mansas águas dos rios, ou entre os canaviais de perde de vista; aspirando o pó do minerio precioso fortemente a batéia; ou semi-encoberto pela asa em rodopio dos grãos de café na vasta peneira, o brasileiro adquiriu, paulatinamente, nação de sua força de sua capacidade de ser livre.
      Vários aspectos desses períodos de nossa história, nos Séculos XVI a XIX, desfilarão em quadros e alegorias.
      Mas não foi apenas o trabalho naqueles três setores de atividade que marcou esse período decisivo de nossa história; foram também os cantos, os folguedos, as danças, as festas noite adentro, os costumes. Senhores de engenho, escravos, sinhazinhas, sinhás-donas, nhonhôs, negros e negras de ganho, feitores, mineradores, toda uma população em suas características próprias, mas ligadas por um vínculo comum, às vezes invisível, que se estende de norte a sul, penetrando todos os rincões brasilei­ros.
      É a própria evolução do Brasil, nas fases de surda elaboração e de afirmação potente, de que todos os brasileiros, brancos e negros, ricos e pobres, participaram.
O DESFILE E AS ALEGORIAS
      Neste enredo apresentaremos várias danças e festas populares brasileiras, mas todos as apresenta­rão unicamente no ritmo e no modo de dança do samba, pois há um elo comum – o negro escravo e seus descendentes, os cidadãos de cor – que dá um ar de família à capoeira, ao maracatu, ao côco, ao afoxé, as congadas, à folia de São Benedito, ao lundu e ao batuque. Difere a vestimenta, mudam os instrumen­tos, divergem as intenções, as formas literárias adquirem tons diversos, mas, na dança, o passo fundamental, que está na essência de todas estas manifestações populares, é o samba.
      Todos estes folguedos têm, assim uma razão para sambar no desfile da Mangueira.
      Não já vimos Pedro Álvares Cabral, Tiradentes, o Alejadinho, Caxias e Ozório, Nassau, Pedro I e Pedro II, José Bonifácio, Tamandaré e Barroso, a Princesa Izabel, Deodoro, Ruy, Castro Alves e outras grandes figuras da nacionalidade dançando o samba nos desfiles da Praça Onze, Avenida Presidente Vargas e da Avenida Rio Branco?
ROTEIRO DO DESFILE
ABRE-ALAS: Abrirá o desfile o pitoresco "Abre-Alas" apresentando, num decorativo estandarte o  nome do enredo.
COMISSÃO DE FRENTE: Um dos itens para julgamento será formada pela Ala dos Lordes, uma das mais famosas Alas da Escola de Samba, pela riqueza inconteste de suas fantasias. Representará "Ricos Senhores de 1600 em seus melhores trajes", conforme gravura da época em versão verde-e-rosa.
FIGURINO Nº 01 - ALA DOS TURISTAS: Em sua segunda apresentação na Estação Primeira, tentará repetir a riqueza do ano passado caracterizando "Senhores do primeiro Engenho Regular de Açúcar".
FIGURINO Nº 02 - OS CAPOEIRAS: Representados por quatro componentes com roupas características. "Capoeira" é jogo atlético ou luta corporal simultaneamente defensiva e ofensiva, introduzida no Brasil pelos escravos da Angola. Foi praticada em quase todo o país, tradicionalmente no Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Hoje permanece como jogo atlético popular apenas na Bahia.
FIGURINO Nº 03 - ALA DOS ALIADOS: Com trajes de "Ricos Senhores do início do XVIII".
FIGURINO Nº 04 - O MARACATU: Desfile dos "Reis do Congo", eleitos pelos escravos para coroação nas igrejas. Após a coroação, havia o "batuque". Diz Câmara Cascudo que, perdida a tradição sagrada, o grupo convergiu para o carnaval, conservando elementos distintos de qualquer outro cordão na espécie. O "Maracatu" apareceu primitivamente no carnaval pernambucano, estendendo-se posteriormente ao carnaval cearense e paraibano. Surgem Juca e Chininha, ela, neta do primeiro presidente da Estação Primeira, represen­tando o Rei e a Rainha do "Maracatu", a pastora Anadelis na dança da boneca e os componentes da "corte".
2ª ALEGORIA: Em oito excelentes cópias de gravuras do pintor Rugendas, mostra-nos, além de um engenho de açúcar, da colheita do café, e da mineração do ouro, cinco quadros sobre os costumes e tipos Brasilei­ros.
1º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA (Delegado e Neide): O mais famoso dos Mestres-Salas de Escola de Samba, apresentarão sua espetacular coreografia.
FIGURINO Nº 05 - ALA DOS EMBAIXADORES: Ricos Senhores de 1750.
FIGURINO Nº 06 - NEGRAS DE GANHO DA BAHIA: Homenagem às "negras de ganho", isto é, aquelas que, por conta própria ou dos senhores levavam à rua o produto da pequena indústria alimentar domestica para vender.
FIGURINO Nº 07 - ALA DOS POBRES DE PARIS: Senhores e Sinhá-Donas.
FIGURINO Nº 08 - RICAS MULATAS BAIANAS (Jupira e suas Cabrochas): As damas ricas da Bahia, segundo Vilhena "aparecem com suas mulatas e pretas vestidas com ricas saias de cetim de lemiste finíssimo, e camisas de cambraia, ou calças bordadas de forma tal que vale o lavor três ou quatro vezes mais que a peça, e tanto é ouro que cada uma leva em fivelas, cordões, pulseiras, colares ou braceletes e bentinhos que sem hipérbole basta para comprar duas ou três negras ou mulatas como a que o leva..."
FIGURINO Nº 09 - ALA DOS DUQUES: Em riquíssima fantasia caracterizará "Senhores de Engenho da Bahia e suas Senhoras".
FIGURINO Nº 10 - O AFOXÉ: Rancho negro do carnaval da Bahia. "O candomblé nas ruas", segundo Nina Rodrigues, comparável, sob certos aspectos, ao Maracatu pernambucano, porém com suas características próprias.
FIGURINO Nº 11 - SINHOZINHOS E SINHAZINHAS: Serão representados por meia centena de crianças da já famosa Ala Infantil, a semente de sambistas; ainda este ano precedida por José Roberto, espetacular revelação como Mestre-Sala e Guezinha sua graciosa Porta-Bandeira.
FIGURA DE DESTAQUE - A MAIS RICA SINHÁ-DONA DA BAHIA: É a maravilhosa fantasia da jovem pastora Regina.
3ª ALEGORIA - AS CONGADAS: Autos populares negros, também conhecidos pelas denominações "congos" e "congados". Compreende danças, episódios que lembram fatos históricos e tradicionais da África executados durante as festas religiosas católicas. Câmara Cascudo assinalou o poderoso sincretismo religioso e social que fez predominar nos "congos" reminiscências tribais, heroísmo ou tragédias; os cantos comuns em uníssono; as arengas intermináveis, tão ao sabor africano. Predominam, os "congos", os instrumentos de percussão.
2º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA (Arízo e Tereza): Apresentarão, a seguir suas evoluções.
FIGURINO Nº 12 - ALA DOS GRANFINOS: Representando "Escravos de casa-rica em libré de gala".
FIGURINO Nº 13 - BARATINO E PERÚ SÃO OS PEDINTES DA ORDEM DE SÃO BENEDITO: "São Benedito é santo de preto", na concepção popular. Em todas as festas religiosas do Brasil, em que o povo intervém decisivamente, há sempre um grupo destacado pela Irmandade para percorrer a região circunvizinha, pedindo esmolas para a festa do santo.
FIGURINO Nº 14 - ALA DOS IMPERADORES: Representando "Escravos em Libré de Gala e Mucamas de dentro".
FIGURA DE ENREDO - SINHÁ-DONA DE GRANDE ENGENHO: Apresentação da famosa pastora Noca, seguida de "Sinhás-Moças em idade de casamento".
FIGURINO Nº 15 - ALA DOS MAGNATAS: Apresentará "Senhores do Rio de Janeiro em 1760".
FIGURINO Nº 16 - ALA DAS CABROCHAS DE MANGUEIRA: Apresentará "Ricas Sinhás-Donas do Rio de Janeiro".
DESTAQUES – DANÇAS DE ESCRAVOS – O LUNDÚ (Maria Helena, Miro e Menininho): Dança e canto de origem africana devidos aos escravos de Angola, mas com feição brasileira, visto que a sua execução se deveu a negros crioulos, isto é, nascidos no Brasil (conforme Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore Brasileiro). Ascendendo das senzalas para as festas suburbanas e daí galgando todas as escalas sociais, o "Lundú" influiu poderosamente na caracterização de uma canção nacional brasileira. A Chula, o tango brasileiro, o fado, muito devem ao "Lundú", essa influência. Hoje o "Lundú" está diluído na inconsciência musical do nosso povo, encontrando-se com raras exceções.
FIGURINO Nº 17 - ALA DAS CAPRICHOSAS: Apresentará as "Sinhás-Donas Mineiras em passeio".
FIGURINO Nº 18 - ALA DOS NOBRES: Apresentará os "Senhores de Minas Gerais em trajes de cerimônia".
DESTAQUE - RICO MINERADOR EM TRAJE DE FESTA: O será a caracterização do famoso passista Roxinho.
DESTAQUES - CHICA DA SILVA (pastora Margarida) e JOÃO FERNANDES (Chico Porão, sócio nº 01 da Mangueira): Mulata ex-escrava Chica da Silva se tornou famosa pelo fausto em que viveu (1760/ 1770) a partir do momento em que se fez amante do desembargador João Fernandes de Oliveira, contador dos diamantes de Minas Gerais, - "Rico como um nabo, poderoso como um príncipe, ... um pequeno soberano do Tijuco (Diamantina), segundo Joaquim Felício dos Santos. Era alta e corpulenta e usava "uma cabeleira anelada de cachos pendente". O historiador mineiro escreve que "sua vontade era cegamente obedecida, seus mais leves ou frívolos caprichos prontamente satisfeitos". Certa vez quis saber como era um navio e, na chácara que lhe dera como residência João Fernandes "mandou abrir um vasto tanque e construir um navio em miniatura, que podia conter oito a dez pessoas, com mastros, com velas, cabos e todos os demais aparelhos das grandes embarcações".
FIGURINO Nº 19 - AS MUCAMAS: Chica da Silva "fazia alarde de um luxo e grandeza que deslumbrava as famílias mais ricas e importantes"; quando ia à igreja, "acompanham-na doze mulatas esplendidamente trajadas"; e os grandes, os nobres, enfatuados da sua fidalguia não se dedignavam de render-lhe "homenagem" curvando-se para beijar-lhe a mão.
FIGURINO Nº 20 - ALA DA MOCIDADE RICA: Apresentará "Senhores e Senhoras de Minas em 1850".
4ª ALEGORIA: A melhor descrição de nossa terceira Alegoria está na segunda parte do nosso samba:
"Nos salões elegantes
Dançavam sinhás donas e senhores
E nas senzalas os escravos
Cantavam batucando os seus tambores" (04)
Assim na parte da frente do carro um painel de um rico salão e na frente duas imponentes esculturas de um senhor e uma senhora dançando e na parte trazeira, um painel de uma senzala, dois negros, uma negra em atitude de canto e dança, e um outro batucando um  "atabaque"  típico  instrumento  africano, todos em torno de uma fogueira.
3º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA (Jacó e Maria): Apresentando suas evoluções.
FIGURINO Nº 21 - ALA DOS BOHÊMIOS: Uma das mais antigas Alas da Escola representando "Elegantes Senhores Mineiros em 1860".
FIGURINO Nº 22 - ALA DAS BAILARINAS: representando "Escrava Alforriada e suas Filhas e de Sinhás-Donas de São Paulo em passeio".
FIGURAS DE ENREDO – DANÇA DE ESCRAVOS – O BATUQUE (Waldemiro, Claudionor e Caetano): Dança com sapateado e palmas, ao som de cantigas acompanhadas unicamente de tambor, quando legitimamente negro ou também de viola e pandeiro, "quando entra gente mais asseiada" diz Macedo Soares no seu "Dicionário Brasileiro de Língua Portuguesa". Assim como o "Lundu" influiu decisivamente na nossa maneira de cantar o "Batuque" modelou, por assim dizer, nossa coreografia popular. Ritmo quente, próprio para desenvolver as habilidades coreográficas individuais dos dançarinos, dele parecem originários, ou desligados por força de uma prática intensiva, inúmeros passos de dança que mais tarde se tornaram gêneros especiais, como a capoeira, o frevo, o samba, etc. O "Batuque" inspirou farta literatura descritiva, um famoso desenho de Rugendas e algumas das mais belas páginas da música erudita brasileira.
FIGURINO Nº 23 - ALA DOS FIDALGOS: Fazendo a estréia entre nós representará os "Fazendeiros de Café e suas Senhoras".
FIGURINO Nº 24 - PENEIRANDO CAFÉ: Alegoria ao trabalho nos cafezais paulistas, trabalho graciosamente ritmado, e representado por onze jovens.
FIGURINO Nº 25 - ALA DOS ABANDONADOS: Representarão os "Ricos Senhores Paulistas" em sua primeira apresentação na Estação Primeira.
A seguir os "Senhores de 1862".
5ª ALEGORIA: É, enfim, o resumo de todo o nosso enredo. O Branco e o Negro unidos para construir a
nossa riqueza. A cana de açúcar, o café (dos dois lados do carro em escultura) e a mineração represen­tada pelo ouro e pelas pedras preciosas em um riacho.
4º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA (Arilto e Mocinha): ex-primeiro Mestre-Sala e ex-primeira Porta-Bandeira, agora retornando as fileiras da Estação Primeira. Serão seguidos pelo famosíssimo Corpo de Baianas da Mangueira e pela espetacular Bateria.
PARTIDO ALTO: O samba do "Partido Alto" está na origem do samba. Ao som de viola, cavaquinho, prato e faca e palma, dançava-se o samba nas senzalas e nos morros, fazendo letras e versando (improvisando).
ALA DOS COMPOSITORES: Uma glória da Estação Primeira e que tantos grandes compositores já projetou desfilará após.
Encerrando o desfile virão respectivamente o Conselho Deliberativo e a Diretoria da Escola.
Entre as diversas Alas acima descritas desfilarão diversos destaques masculinos e femininos representando os elementos das várias épocas e regiões.
FICHA TÉCNICA DO SAMBA-ENREDO
AUTORES DO SAMBA-ENREDO: Jorge Zagaia, Leléo e Comprido.
LETRA DO SAMBA
PRETOS ESCRAVOS E SENHORES
PELO MESMO IDEAL IRMANADOS
A DESBRAVAR
OS VASTOS RINCÕES NÃO CONQUISTADOS
PROCURANDO EVOLUIR PARA UNIDOS CONSEGUIR
A SUA EMANCIPAÇÃO
TRABALHANDO NOS CANAVIAIS
MINERAÇÃO E CAFEZAIS

ANTES DO AMANHECER (ANTES DO AMANHECER)
JÁ ESTAVAM DE PÉ
NOS ENGENHOS DE AÇÚCAR
OU PENEIRANDO O CAFÉ

NOS CAMPOS E NAS FAZENDAS
LUTARAM COM GALHARDIA
CONSOLIDANDO
A SUA SOBERANIA
E ESSES BRAVOS
COM TERNURA E AMOR
ESQUECIAM AS LUTAS DA VIDA
EM FESTAS DE RARO ESPLENDOR
NOS SALÕES ELEGANTES
DANÇAVAM SINHÁS DONAS E SENHORES
E NAS SENZALAS OS ESCRAVOS
CANTAVAM BATUCANDO OS SEUS TAMBORES

LOUVOR A ESTE POVO VARONIL
QUE AJUDOU A CONSTRUIR
A RIQUEZA DO NOSSO BRASIL
FICHA TÉCNICA DE BATERIA
DIRETOR GERAL DE BATERIA: Waldemiro Tomé Pimenta, o Mestre Waldomiro.
FICHA TÉCNICA DE HARMONIA
DIRETOR GERAL DE HARMONIA: Olivério Ferreira, o Xangô.
PUXADOR DO SAMBA-ENREDO: José Bispo Clementino dos Santos, o Jamelão.
FICHA TÉCNICA DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA
1º MESTRE-SALA: Hégio Laurindo da Silva, o Delegado.
1ª PORTA-BANDEIRA: Neide.
2º MESTRE-SALA: Arízo.
2ª PORTA-BANDEIRA: Tereza.
3º MESTRE-SALA: Jacó.
3ª PORTA-BANDEIRA: Maria.
4º MESTRE-SALA: Arilto.
4ª PORTA-BANDEIRA: Rivailda Nascimento de Souza, a Mocinha.
MESTRE-SALA MIRIM: José Roberto.
PORTA-BANDEIRA MIRIM: Márcia da Silva Machado, a Guezinha.
OUTRAS INFORMAÇÕES JULGADAS NECESSÁRIAS
A BANDEIRA: Foi confeccionada pelo famoso especialista "Arnaldo, o Rei das Flâmulas". Sobre o fundo rosa em seda-pura com as bordas verdes também em seda-pura e a franja em fio de metal dourado, marcação do sambo, tendo por baixo dois ramos de folhas estão as "armas" da Escola – um surdo, instrumento e por cima uma coroa, bordados em canutilho de metal dourado e pedrarias. O nome da Escola (G. R. E. S. Estação Primeira – Mangueira) e a data (1962) são bordados e luxuosa­mente acabados. Os dois lados da Bandeira são igualmente bordados e luxuosamente acabados. A estrela bordada a ouro, no canto esquerdo da Bandeira significa os primeiros 25 anos de fundação da Escola (28/04/1928).
ANÁLISE DO DESFILE
MANGUEIRA, SALGUEIRO E POTELA VÃO BRIGAR PELO PRIMEIRO LUGAR (05)
     Com Monsueto arrastando a sua Bateria, Delegado de Mestre-Sala e José Carlos liderando a Ala Infantil, eram quatro horas da madrugada de segunda-feira quando Mangueira, a Estação Primeira entrou na Av. Rio Branco, empolgando a multidão calculada em quatrocentas mil pessoas e arrancando vivas aos seus milhares de torcedores. Foi o ponto alto do grande desfile de Escolas de Samba que, como todos os anos, começou com duas horas de atraso, com o povo tumultuando a avenida. Invadindo-a a cada momento e prejudicando, ainda mais a marcha da festa. Ao todo, passaram dez Escolas; um desfile marcado para começar as 20 horas, no dia seguinte ao meio dia ainda não havia acabado...
VERDE E ROSA
     Monsueto e seus passistas na Bateria, Jamelão puxando o coro, Delegado no comando de três mil figurantes vestidas de verde e rosa, sambando no ritmo imposto por Nininha, a rival da baiana Paula, do Salgueiro, eis a Estação Primeira passando o seu enredo "Casa Grande e Senzala". A multidão delirou durante duas horas a fio, com a Bateria da Mangueira fazendo um ritmo alucinante. Quem ficou na Avenida até essa hora, e milhares ficaram, sentiu-se compensado dos apertões, dos socos das borrachadas e de todos os desconfortos. Não é fácil avançar um prognóstico mais, pelo entusiasmo e pelos aplausos que arrancou, Mangueira pode tornar-se bicampeã do Carnaval.



(01) - As informações que compõem este item foram extraídas do jornal O Globo, publicadas no dia 03/03, 2º Caderno, p.09; no dia 07/03, 1º Caderno, p.02 e no dia 09/03/1962, 1º Caderno p.02 e Revista de Carnaval da Escola de 1962;
(02) - As informações a partir deste item foram extraídas da Revista de Carnaval da Escola de 1962;
(03) - Nosso enredo e nossas fantasias foram baseados nas seguintes publicações;
(04) - CASA GRANDE E SENZALA - Jorge Zagaia, Leléo e Comprido;
(05) - Texto publicando no jornal O Globo no dia 07/03/1962, 1º Caderno, p.02.

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