sexta-feira, 11 de outubro de 2013

SÉRIE 80 ANOS EM VERDE-E-ROSA - CAPÍTULO 04 (1988/2008): VITÓRIAS ALÉM DA AVENIDA*


A Baluarte Tia Cecéia, faz aniversário junto com a Escola (01)

PROJETOS COMO O DA VILA OLÍMPICA TAMBÉM SÃO CAMPEÕES
     O compositor Ismael Silva, que inventou o termo "Escola de Samba", porque ela ensinava a arte do ritmo, teria de usar expressão mais ampla para definir a Mangueira. Se nos últimos 20 anos conquistou dois títulos (pouco para a sua tradição), a Verde-e-Rosa tem muito mais vitórias fora da Passarela. As oficinas profissionalizantes atendem 1,9 mil pessoas na quadra. Em sua Vila Olímpica, são mais três mil jovens em projetos esportivos, educacionais e sociais. Só no último Pan 12 atletas haviam passado pelo espaço mangueirense e cinco deles trouxeram medalhas. Ismael possivelmente chamaria a Mangueira de Escola de Samba e de vida.
     O jornal "O Dia" publica nesta quarta-feira a última parte da História dos 80 anos da Verde-e-Rosa, que serão completados dia 28. A série, iniciada domingo, mostrou como sete homens, reunidos num barraco, criaram uma paixão que deixou a favela, alcançou todo o Rio e chegou a outros cantos do planeta. "Estou terminando de escrever um livro sobre 37 Escolas de Samba em Portugal. Todas querem ser a Mangueira", atesta a pesquisadora Marília Barboza.
     E olha que a Escola passou maus bocados nas últimas duas décadas. Perdeu o presidente João Dória, assassinado em dezembro de 1987, nos preparativos para o desfile em que tentaria o tri. Em livro sobre sua história, a Agremiação usou manchete do jornal "O Dia" para resumir o motivo da derrota: "Deu Kizomba no tri da Mangueira". A vitória da Vila Isabel era incontestável. A seguir, amargou colocações ruins: 1989 (11º), 1990 (8º), 1991 (12º) e 1994 (12º). À volta por cima aconteceu em 1998, com "Chico Buarque da Mangueira", em título dividido com a Beija-Flor. O último veio em 2002: em homenagem ao Nordeste.
     O pior revés veio este ano, após uma série de problemas. Ivo Meirelles deixou a Bateria depois de brigar em ensaio. O então presidente Percival Pires renunciou ao ser acusado de homenagear um fora-da-lei, e a vice-presidente, Eli Gonçalves, a Chininha, assumiu dois meses antes do desfile. A Escola só conseguiu o 10º lugar. À volta por cima, mais uma vez, está prometida.
ESPORTE E EDUCAÇÃO: INICIATIVAS NOTA 10
     Os programas sociais e educacionais da Mangueira são hoje um enredo à parte. Para manter a estrutura, a Escola emprega 400 funcionários. A folha salarial (quitada com patrocínios) gira em torno de R$ 140 mil. Mas os melhores números são sobre o alcance das ações. Os programas se espalham na Vila Olímpica, que tem 30 mil m², na quadra e em quatro postos de saúde. Participam do projeto esportivo e educacional perto de três mil pessoas. Dos 12 atletas que estiveram no Pan, três ganharam ouro: Juarez Santos (caratê), Franck Caldeira (maratona) e Kátia Cilene (futebol feminino).
     A Escolinha da Tia Neuma atende 490 crianças, de 1ª a 4ª série. Todo o material é doado. O Ciep Nação Mangueirense recebe 1,5 mil crianças e, em parceria com universidade, oferece 400 vagas em curso superior.
     A Verde-e-Rosa oferece 32 oficinas na quadra (são cursos profissionalizantes como hidráulica e marcenaria). Há cursos de atividades ligadas ao Carnaval, e a Escola mantém ainda a Casa Lar, para atender 20 meninos com problemas de deficiência.
     A Mangueira do Amanhã, Escola Mirim da Verde-e-Rosa, foi fundada em 1987. O objetivo era fazer com que as crianças pudessem conhecer e aprender a cultura do samba.
 
 



* Texto de Élcio Braga e Raphael Azevedo publicado no jornal O Dia, em 23/04/2008, p.06.
(01) - Foto, publicada no jornal O Dia, em 23/04/2008, p.06.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

CARNAVAL DE 1965

FICHA TÉCNICA DO DESFILE (01)
GRUPO: Grupo I.
LOCAL: Av. Presidente Vargas (sentido: Candelária - Av. Passos).
DATA: 28/02/1965 (domingo).
ORDEM DE DESFILE: 5ª Escola a desfilar.
HORÁRIO DE CONCENTRAÇÃO: às 20hs.
HORÁRIO DE INÍCIO DO DESFILE: às 20:30.
NÚMERO DE ALAS: 50.
CLASSIFICAÇÃO: 4º lugar.
PONTUAÇÃO: 117 pontos.
FICHA TÉCNICA DE ENREDO (02)
ENREDO: O Rio através dos séculos.
AUTOR DO ENREDO: Diretoria da Escola.
SUPERVISÃO GERAL: Bricio de Abreu.
CARNAVALESCO: Comissão de Carnaval.
REFERÊNCIA BIOBIBLIOGRÁFICA (03)
- Brasil Gerson, História das Ruas do Rio de Janeiro;
- Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore Brasileiro;
- Edison Carneiro, Candomblé na Bahia;
- Ferreira da Rosa, Um Panorama do Rio de Janeiro de 1775;
- Gilberto Freyre, Casa Grande e Senzala;
- J. B. Debret, Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil;
- Jean de Lery, Viagem à Terra do Brasil;
- Jornal do Brasil, Arquivos do Jornal do Brasil;
- Lista Telefônica, Arquivos das Listas Telefônicas Brasileiras;
- Luiz Edmundo, A Corte de Dom João VI no Rio de Janeiro;
- ____, O Rio de Janeiro do Meu Tempo;
- ____, O Rio de Janeiro no Tempo dos Vice-Reis;
- ____, Recordações do Rio Antigo;
- M. Rugendas, Viagem Pitoresca Através do Brasil;
- Macedo Soares, Dicionário da Língua Portuguesa;
- Melo Morais Filho, Festas e Tradições Populares do Brasil;
- Nina Rodrigues, O Negro no Folclore Brasileiro;
- Noronha Santos, Apontamentos para Indicador do Rio de Janeiro;
- O Cruzeiro, Arquivos da Revista O Cruzeiro;
- Paranhos Antunes, Estudos de Histórias Cariocas;
- Pedro Calmon, Dom João VI, Rei do Brasil;
- Revista Manchete, Arquivos da Revista Manchete;
- Vieira Fazenda, Antiqualhas de Memórias do Rio de Janeiro.
SINOPSE (04)
     Para o Carnaval do IV Centenário, a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira decidiu contar a história do "Rio Através dos Séculos"; o enredo está dividido em cinco partes, correspondentes a cinco Séculos (XVI a XX), assim distribuídos:
Século XVI – Desde 1502 a 1602: Descoberta e Fundação;
Século XVII – Desde 1602 a 1702: Colonização e Desenvolvimento;
Século XVIII – Desde 1702 a 1802: Emancipação e Capital dos Vice-Reis;
Século XIX – Desde 1802 a 1902: A Epopeia da nossa História;
Século XX – Desde 1902 a 2002: O Rio da Nova Era.
     Vários aspectos desses períodos da história do Rio de Janeiro nos Séculos XVI a XX desfilarão em quadros, alegorias e figuras de destaques.
ROTEIRO DO DESFILE
     Neste enredo apresentaremos várias danças e festas populares de tradições lendárias, mas todas apresentações unicamente no ritmo e no modo de dançar samba.
ABRE-ALAS: Abrirá o desfile propriamente dito. O abre-alas será sustentado por cinco mastros cromados ligados entre si por cortinados e veludo e seda-pura, trazendo em cada um a divisão dos séculos e ao centro um painel com apresentação oficial da Escola.
COMISSÃO DE FRENTE: Um dos itens para julgamento será formado pela Ala dos Boêmios, uma das mais famosas Alas da Escola de Samba, representando as autoridades, em traje de gala, apresentando ao povo o Carnaval do IV Centenário.
PAINEL: Anunciará a primeira parte do enredo seguro pro figura do índio da época com dizeres do século XVI alusivos à Descoberta e Fundação.
FIGURA DE DESTAQUE: Em plano destacado representando o "Navegador Português" que, segundo alguns historiadores, teria sido o primeiro a pôr os olhos na terra carioca.
FIGURINO Nº 01 - ALA CHOVE NO MOLE: Representando os navegadores franceses.
FIGURINO Nº 02 - ALA DOS CUBANOS: Representando os índios tamoios.
FIGURINO Nº 03 - ALA DOS IMPOSSÍVEIS: Os navegadores aventureiros estrangeiros, que aqui chegaram em busca de riquezas (pau-brasil, etc.).
FIGURA DE DESTAQUE: O navegador português que de acordo com alguns historiadores teria sido o pai do primeiro carioca.
FIGURA DE DESTAQUE: Uma índia, simbolizando a mãe do primeiro carioca.
FIGURA DE DESTAQUE: Representando o primeiro carioca.
FIGURINO Nº 04 - ALA DOS CUBANITOS: Os índios temininós grandes colaboradores dos portugueses na fundação, chefiados que foram por Araribóia.
1ª ALEGORIA: Simbolizando a fundação do Rio de Janeiro, destacará a figura do seu fundador, Capitão-Mor Estácio de Sá, com uma das mãos apoiada sobre o marco da fundação, com o brasão de Portugal em destaque. No mesmo carro virá a figura do valente Araribóia e um grande painel alusivo à fundação, aparecendo, em plano destacado, a figura dos bravos fundadores; completando, virá a histórica proclamação proferida por Estácio de Sá: "Levantemos esta cidade que ficará por memória do nosso heroísmo e de exemplo do valor às vindouras gerações para ser a rainha das províncias e o empório das riquezas do mundo".
FIGURINO Nº 05 - ALA DOS ACADÊMICOS: Representando em fantasias de destaque as figuras de Mem de Sá, Salvador Correia de Sá, Antônio Salema e Francisco Mendonça de Vasconcelos (Governadores até o Século XVI).
FIGURINO Nº 06 - ALA DOS IMPORTANTES (MASCULINO): Os ricos senhores de lavoura (fins do Século XVI).
FIGURINO Nº 07 - ALA DOS IMPORTANTES (FEMININO): As ricas senhoras de lavoura (fins do Século XVI).
FIGURINO Nº 08 - ALA DOS ALIADOS (MASCULINO): Os senhores de engenho (fins do Século XVI).
FIGURINO Nº 09 - ALA DOS ALIADOS (FEMININO): As senhoras de engenho (fins do Século XVI).
FIGURINO Nº 10 - ALA DOS INVENCÍVEIS (MASCULINO): Trajando a moda masculina (fins do Século XVI).
FIGURINO Nº 11 - ALA DOS INVENCÍVEIS (FEMININO): Trajando a moda feminina (fins do Século XVI).
O Século XVIII vem anunciado por um painel com os dizeres: "Colonização e Desenvolvimento", empunhado por escravos angolanos.
1º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA (Delegado e Neide): Chamamos a atenção para o Grande Mestre-Sala Delegado, o Rei dos Mestres-Salas do Brasil, e para Neide, Rainha das Porta-Bandeiras, que representam a nobreza da época com espetacular coreografia.
FIGURINO Nº 12 - ALA DOS NOBRES (MASCULINO): Representando os colonizadores do Século XVII.
FIGURINO Nº 13 - ALA DOS NOBRES (FEMININO): As senhoras dos colonizadores.
FIGURINO Nº 14 - ALA DAS CAMÉLIAS: Simbolizando as escravas quituteiras.
FIGURINO Nº 15 - GRUPO DO VALDO: Apresentando os mercadores caboclos.
FIGURINO Nº 16 - ALA DAS ELEGANTES: Representando as Sinhás-Donas com suas vestimentas da época.
FIGURINO Nº 17 - ALA DOS EMBAIXADORES (MASCULINO): Os ricos senhores dos engenhos propulsores do desenvolvimento do Rio de Janeiro no Século XVII.
FIGURINO Nº 18 - ALA DOS EMBAIXADORES (FEMININO): As senhoras dos engenhos.
2ª ALEGORIA: Uma replica do engenho de açúcar – símbolo do desenvolvimento da época que, multiplicando-se pelas cercanias da cidade, num aspecto de industrialização, ocasionava aos habitantes um motivo para seus passeios – devendo o mesmo ser todo mecanizado com hastes impulsionadas por quatro passistas (escravos) que ao movimento coreográfico, as farão girar, dando assim aspecto de funcionamento como na época.
FIGURINO Nº 19 - ALA DAS CAPRICHOSAS: Representando as Sinházinhas neste século.
DUAS LITEIRAS: Simbolizando o meio de transporte dos senhores de engenho.
FIGURINO Nº 20 - ALA DAS TEIMOSAS: As mucamas ou mucambas, escrava negra moça e de estimação que era escolhida para ajudar nos serviços caseiros ou acompanhar pessoas da família.
FIGURINO Nº 21 - OS PREGOEIROS: De água vendida em barris são aqui revividos por seis figuras, anunciando como naquela época era vendido o precioso liquido.
FIGURINO Nº 22 - ALA DOS BOHÊMIOS (FEMININO): Representam as ricas senhoras das lavouras.
FIGURINO Nº 23 - OS CARREGADORES DE ÁGUA: Representam os negros carregadores de água.
Mais uma vez entra em cena o painel anunciando o Século XVIII com "Emancipação e Capital dos Vice-Reis" seguro por um escravo de engenho.
2º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA (Arísio e Mocinha): Com suas evoluções apresentarão o Rio dos Vice-Reis, simbolizando os elegantes da época.
FIGURINO Nº 24 - ALA MOCIDADE DO SERENO (MASCULINO): Representando os ricos senhores de engenho Del Rei.
FIGURINO Nº 25 - ALA MOCIDADE DO SERENO (FEMININO): Representando as ricas senhoras de engenho Del Rei.
FIGURINO Nº 26 - OS FILHOS DE GANDI: Representando os momentos de alegria dos negros escravos esquecidos dos ferros de seu amargo cativeiro, que bem ilustra hoje o folclore brasileiro, o candomblé!
FIGURINO Nº 27 - ALA DOS POBRES DE PARIS (MASCULINO): Representando os ricos colonos do Século XVIII.
FIGURINO Nº 28 - ALA DOS POBRES DE PARIS (FEMININO): Representando as ricas senhoras dos colonos do Século XVIII.
FIGURINO Nº 29 - GRUPO MAGISTRAL: Representam os tocadores de Urucungo, hoje tocadores de berimbau.
FIGURINO Nº 30 - AS CAPOEIRAS: Representadas por um grupo de passistas com roupas características (capoeira é jogo atlético ou luta corporal simultaneamente defensiva e ofensiva, introduzida no Brasil pelos escravos de Angola; foi praticada em quase todo o país, principalmente no Rio de Janeiro, no tempo dos Vice-Reis, segundo Luís Edmundo – Rio de Janeiro no tempo dos Vice-Reis).
FIGURINO Nº 31 - ALA DOS BARÕES (MASCULINO): Trajando a moda masculina do Século XVIII.
FIGURINO Nº 32 - ALA DOS BARÕES (FEMININO): Trajando a moda feminina do Século XVIII.
DUAS CADEIRINHAS DE ARRUDA: Meio de transporte do tempo dos Vice-Reis.
FIGURINO Nº 33 - ALA SÓ VAI QUEM PODE: Em riquíssima fantasia, representam os Vice-Reis.
FIGURINO Nº 34 - ALA DOS TURISTAS (FEMININO): Representando as Condessas do tempo dos Vice-Reis.
FIGURA DE DESTAQUE: Representando o Comandante dos Dragões da Guarda Vice-Real.
FIGURINO Nº 35 - ALA DOS TURISTAS (MASCULINO): Representando os Dragões da Guarda Vice-Real.
FIGURINO Nº 36 - DANÇA DO LUNDU: Representada por um grupo de passistas (dança e canto de origem africana devidos aos escravos de Angola, mas com feição brasileira, visto que a sua execução se deve a negros crioulos, isto é, nascidos no Brasil, que ascendendo as senzalas para as festas suburbanas praticadas pelos escravos no Século XVIII) (Luís Edmundo – Rio de Janeiro no Tempo dos Vice-Reis)
FIGURINO Nº 37 - ALA DOS DUQUES: Os nobres da Corte Vice-Real
DESTAQUE: Representando a nobreza feminina da Corte Vice-Real.
FIGURINO Nº 38 - O MALHA JUDAS: Representado por um grupo de quatro figuras, as cenas da "Malhação do Judas" no Sábado de Aleluia nas Ruas do Rio de Janeiro neste século.
FIGURINO Nº 39 - ALA DOS MAGNATAS DO SAMBA (MASCULINO): Representando os Barões da Corte Vice-Real.
FIGURINO Nº 40 - ALA DOS MAGNATAS DO SAMBA (FEMININO): As Baronesas da Corte Vice-Real.
FIGURINO Nº 41 - OS PEDINTES DA ORDEM DE SÃO BENTO: Duas figuras fazem tal representação (São Benedito é santo de preto na concepção popular. Em todas as festas religiosas do Rio de Janeiro em que o povo intervinha decisivamente havia sempre um grupo destacado pela irmandade para percorrer a região circunvizinha pedindo esmolas para a festa do Santo – Luís Edmundo – Rio de Janeiro, no Tempo dos Vice-Reis).
DUAS SERPENTINAS: Também símbolo de transporte na época do Vice-Real.
FIGURINO Nº 41 - ALA DOS INTOCÁVEIS (MASCULINO): Representam os Viscondes da Corte Vice-Real.
FIGURINO Nº 42 - ALA DOS INTOCÁVEIS (FEMININO): Representam Viscondessas da Corte Vice-Real.
FIGURINO Nº 43 - ALA DAS MILIONÁRIAS: Apresentando o cortejo da Rainha Negra na festa de Rei, no Século XVIII.
FIGURINO Nº 44 - ALA DO VIOLÃO: Representando a dança do Chiba, o limiar do nosso primitivo samba.
FIGURINO Nº 45 - ALA NINGUÉM É DE NINGUÉM: Vem representando as mulatas de época, o orgulho da nossa geração no passado, no presente e no futuro.
FIGURINO Nº 46 - A FOLIA DE REIS (RECORDAÇÕES DO ENGENHO NOVO): Grande grupo folclórico representando "As Congadas" (saltos populares negros, também conhecidos pela denominação "Congos" e "Congadas", neste século tornou-se uma festa tradicional dos escravos, coroando seu Rei e Rainha desfilando pelas ruas num cortejo de raro esplendor).
FIGURA DE DESTAQUE: Representando Mestre Valentim, personagem de destaque do fim no Século XVIII.
FIGURINO Nº 47 - ALA DOS GRÃ-FINOS (MASCULINO): Representando os Fidalgos da corte dos Vice-Reis.
FIGURINO Nº 48 - ALA DOS GRÃ-FINOS (FEMININO): As Fidalgas da corte dos Vice-Reis. Mas uma vez vem cena um alusivo painel anunciando o Século XIX que chamamos de: "A Epopeia de Nossa História", porque neste Centenário o Rio foi possuído de esplendor e riquezas com as Cortes Imperiais, e o desenvolvimento de todos os tempos já tínhamos em nosso Rio a Biblioteca Nacional.
3º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: Representando a fidalguia de Dom João VI.
FIGURA DE DESTAQUE: Representando Dona Maria I.
FIGURINO Nº 49 - QUATRO PASSISTAS: Representando os acompanhantes de Dona Maria I.
DOIS DESTAQUES: Representando Dom João VI e Dona Carlota Joaquina.
FIGURINO Nº 50 - ALA DOS FIDALGOS: Representando os Nobres da Corte de Dom João VI.
FIGURINO Nº 51 - ALA DAS DECIDIDAS: Representando as Damas da Corte de Dom João VI.
FIGURA DE DESTAQUE: Representando a Biblioteca Nacional, criada em 1810.
FIGURA DE DESTAQUE: Simbolizando a Escola de Belas Artes.
FIGURA DE DESTAQUE: Representando a "Impressão Régia", em suas mãos trará um painel alusivo, contendo a homenagem "G. R. E. S. Estação Primeira de Mangueira", à Imprensa – Retratando a Circular da Gazeta de Notícias, o primeiro jornal editado no Rio, com referências à Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a todos os seus associados.
FIGURINO Nº 52 - ALA ASES DOS MARES: Representará a Real Academia Militar.
DOIS DESTAQUES: Simbolizando Dom Pedro I e a Imperatriz Dona Leopoldina (o Imperador e a Imperatriz).
FIGURINO Nº 53 - ALA DOS ABANDONADOS (MASCULINO): Representando os Nobres da Corte de Dom Pedro I.
FIGURINO Nº 54 - ALA DOS ABANDONADOS (FEMININO): Representando a Nobreza Feminina da Corte de Dom Pedro I.
FIGURINO Nº 55 - GRUPO DO VALDO II: Os vendedores diversos como: vendedores de peru, de cestos, de aves, etc. (segundo ilustrações de Debret).
FIGURA DE DESTAQUE: Representando a Princesa Amélia (segunda esposa de Dom Pedro I).
FIGURINO Nº 56 - ALA DA FIRMEZA (MASCULINO): Representando a Nobreza da Corte da Princesa Amélia.
FIGURINO Nº 57 - ALA DA FIRMEZA (FEMININO): Representando as Damas da Corte da Princesa Amélia.
DOIS DESTAQUES: Representando Dom Pedro II e a Imperatriz Tereza Cristina.
FIGURINO Nº 58 - ALA DOS BACANAS (MASCULINO): Representando os Nobres da Corte de Dom Pedro II.
FIGURINO Nº 59 - ALA DOS BACANAS (FEMININO): Simbolizando a Nobreza Feminina da Corte de Dom Pedro II.
3ª ALEGORIA: Uma carruagem, símbolo dos transportes imperiais, com dois cavalos fazendo movimentos normais com as patas, tendo um figurante, em trabalho de escultura, representando o cocheiro e, em figura viva, um guarda de honra, trazendo ainda dentro do carro duas figuras mirins evocando os passeios do Imperador e da Imperatriz.
FIGURINO Nº 60 - ALA DOS ESFORÇADOS (MASCULINO): Os velhos lampiões de gás são revividos por esta fabulosa Ala. Os mesmos virão nas mãos dos componentes da dita Ala.
FIGURINO Nº 61 - ALA DOS ESFORÇADOS (FEMININO): A parte feminina representará os acendedores dos lampiões com os respectivos acendedores nas mãos.
FIGURA DE DESTAQUE: Representando a Princesa Isabel, "A Redentora".
FIGURINO Nº 62 - ALA DA ARISTOCRACIA: Esta Ala, que possui um grupo de moças, representará as escravas livres, em diversos tipos de fantasias.
Finalizando o enredo "O Rio Através dos Séculos"; entra em cena mais  uma  vez  o  painel  anunciando  o
Século XX com "O Rio da Nova Era".
4º CASAL DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: Representando o senhor e senhora na moda do início do Século XX.
FIGURA DE DESTAQUE: Representando o Prefeito Pereira Passos, o remodelador do Rio no início do Século XX.
FIGURA DE DESTAQUE: Representando a figura do Cidadão-Samba.
FIGURA DE DESTAQUE: Representando Tia Ciata, a precursora dos antigos desfiles na Praça XI.
FIGURA DE DESTAQUE: Empunhando um painel alusivo à gravação do primeiro disco, o famoso samba "Pelo Telefone".
BLOCO CARNAVALESCO ACADÊMICOS DE CATUMBI: Representando a festa do povo, início do Carnaval.
SEIS FIGURAS DE DESTAQUE: Representando as Entidades Máximas que congregam o mundo do Carnaval.
NEGA MALUCA: Recordação de um Carnaval que não volta mais.
BAILE DO MUNICIPAL: Para representar o "Baile Municipal", apresentamos um cortinado do seu famoso palco.
FIGURA DE DESTAQUE: Para simbolizar a passarela do teatro, apresentaremos uma luxuosíssima fantasia, a qual denominamos "Rio dos Quatrocentos Janeiros", sendo que sua confecção destaca nitidamente o "Rio Através dos Séculos".
FIGURINO Nº 63 - TIPOS POPULARES DO RIO: O homem do papa-vento, o homem dos balões de gás, o homem do realejo, sorveteiro, amolador de facas, pipoqueiro, garrafeiro, jornaleiro, etc.
FIGURINO Nº 64 - APOTEOSE AO SAMBA: Para apresentar este quadro virá empunhando um painel alusivo ao mesmo um passista.
FIGURINO Nº 65 - ALA DOS DEZ MAIS: Os malandros da Praça XI das saudosas batucadas.
DESTAQUE: Representando o samba em si.
FIGURINO Nº 66 - ALA DAS SESTROSAS: Representando a homenagem da Velha Mangueira a Miss Mulata, sendo a fantasia desta Ala cópia fiel da usada por Vera Lúcia no Concurso de "Miss Beleza", o Samba.
FIGURINO Nº 67 - ALA SAMBOSSA: Representando a coreografia do samba moderno.
FIGURINO Nº 68 - ALA DAS BAIANAS RICAS: Representando a parte coreográfica feminina do samba modero.
FIGURINO Nº 69 - ALUNOS DO RITMO: Um grupo de passistas fazendo exibições de samba autêntico.
FIGURINO Nº 70 - ALA METIDAS A BACANA: Homenageando os famosos cuiqueiros, instrumento obrigatório em rodas de samba (a Ala virá vestida com rica baiana estilizada, empunhando cuícas nas mãos).
FIGURINO Nº 71 - ALA DOS TRIGUEIROS: Representando também o samba-batucada.
FIGURINO Nº 72 - ALA DAS MARLIANAS: Representando o samba-batucada feminino.
FIGURINO Nº 73 - ALA VÊ SE ENTENDE: A maior Ala de Passistas e Ritmistas organizada em uma Escola de Samba (esta dita Ala em coreografias diversas saberá fechar com chave de ouro este quadro de apoteose ao samba, homenagem da Estação Primeira de Mangueira ao Rio, Capital do Samba).
4ª ALEGORIA: Uma exaltação ao Rio desde o início do Século XX à época atual, "O Rio da Nova Era", com o Obelisco num marco de homenagem ao Prefeito Pereira Passos, e o início da remodelação do atual Rio de Janeiro, e a seguir um rosa símbolo da pureza do amor, termo que achamos e escolhemos para simbolizar o Estado da Guanabara. Este símbolo abrir-se-à, aparecendo as armas da Cidade-Estado e transformando-se em forte, numa reminiscência das fontes que dotaram nossa cidade de poesia e esplendor. E finalmente o símbolo do IV Centenário, que com orgulho participamos e homenageamos a nossa querida Cidade Maravilhosa de São Sebastião pela passagem de sua data natalícia, que ficará marcada nos anais de nossa historia.
DESTAQUE: Representando os pontos pitorescos do Rio.
CONJUNTO DE PASSISTAS: Especialmente para fazer coreografia em ritmo de samba, apresentando o destaque que segue.
FIGURINO Nº 74 - ALA DAS FELICIANAS: Representando os recantos pitorescos do Rio.
DESTAQUE: Representando as praias do Rio.
CONJUNTO DE PASSISTAS: Fazendo coreografia e apresentando o destaque às praias do Rio.
FIGURINO Nº 75 - ALA DAS XANGAIAS: Representando as calçadas do Rio de Janeiro.
FIGURINO Nº 76 - ALA DAS MANGUINHAS: Representando a moda feminina do Rio atual.
FIGURINO Nº 77 - ALA DAS DEZ MAIS: Representando também a moda feminina atual.
FIGURINO Nº 78 - ALA DAS CRIANÇAS: Simbolizando o provir do futuro Rio de Janeiro, atual Estado da Guanabara (procuramos assim atingir os nossos futuros dirigentes que, desde 1961, teve a ascensão do Rio pelo Governo atual, responsável pela juventude, dando-lhes todo o apoio cultural. Assim com o porvir do futuro Rio procuramos atingir o ano 2002), estará representando crianças das Escolas Públicas do Estado da Guanabara.  
ALA DOS COMPOSITORES: Para fechar o desfile, esta Ala, uma das glórias da Estação Primeira e que tantos grandes componentes já projetou, desfilará.
Encerrando o desfile virão respectivamente a Diretoria e o Conselho Deliberativo e Fiscal da Estação Primeira de Mangueira.
FICHA TÉCNICA DO SAMBA-ENREDO
AUTORES DO SAMBA-ENREDO: Cícero, Hélio Turco e Pelado.
LETRA DO SAMBA
RIO!…
UM POETA SE INSPIRA
E DESCREVE AO SOM DA LIRA
TUA HISTÓRIA MAGISTRAL
VEJAM…
TÃO SUBLIME RELICÁRIO
SALVE O TEU QUARTO CENTENÁRIO
MAJESTOSO E TRIUNFAL
OH! MEU RIO
DE TRAJETÓRIA DESLUMBRANTE
QUANTAS LUTAS EMPOLGANTES
TEVE O TEU POVO HOSPITALEIRO
OS TEUS BRAVOS FUNDADORES
PIONEIROS IMORTAIS
GLORIFICAM A HISTÓRIA
DO VELHO RIO QUE NÃO VOLTA MAIS
RIO DE JANEIRO
PALCO DE LENDÁRIAS TRADIÇÕES
DE TROVADORES EM SERESTAS
DIVINAIS RECORDAÇÕES
DAS CÔRTES VELHOS LAMPIÕES DE GÁS
IMPONENTES CHAFARIZES E SAUDOSOS CARNAVAIS
DESPONTOU A NOVA ERA
EMOLDURANDO O TEU CENÁRIO
TUA ARQUITETURA É JÓIA RARA
HOJE O TEU NOME É GUANABARA
FICHA TÉCNICA DE BATERIA
DIRETOR GERAL DE BATERIA: Waldemiro Tomé Pimenta, o Mestre Waldomiro.
TOTAL DE COMPONENTES DA BATERIA: 200 ritmistas.
OUTRAS INFORMAÇÕES JULGADAS NECESSÁRIAS
A BATERIA: Desfilará então a famosa Bateria da Estação Primeira composta esse ano de mais de duzentos componentes, dirigida pelo campeoníssimo Waldemiro, que tantas glórias já conquistou comandando a Bateria mangueirense, há mais de um quarto de século, estará representando os "Malandros da Nova Era" em original e vistosa fantasia.
FICHA TÉCNICA DE HARMONIA
DIRETOR GERAL DE HARMONIA: Olivério Ferreira, o Xangô.
PUXADOR DO SAMBA-ENREDO: José Bispo Clementino dos Santos, o Jamelão.
FICHA TÉCNICA DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA
1º MESTRE-SALA: Hégio Laurindo da Silva, o Delegado.
1ª PORTA-BANDEIRA: Neide.
2º MESTRE-SALA: Arísio.
2ª PORTA-BANDEIRA: Rivailda Nascimento de Souza, a Mocinha.
OUTRAS INFORMAÇÕES JULGADAS NECESSÁRIAS
A BANDEIRA: Foi confeccionada pelo famoso especialista Arnaldo: "Rei das Faixas". Executada em seda pura com as bordas verdes e as franjas com fios de ouro com o símbolo da agremiação, tendo um surdo de marcação e por cima uma coroa contento 18 estrelas que representam campeonatos conquistados, trabalhados com bordados em canutilho de metal dourado, fios de ouro e pedrarias. Na outra face a bandeira representará o enredo com a seguinte descrição: o escudo do IV Centenário, em cada ângulo do escudo simbolizará acontecimentos jamais esquecidos de nossa história, também esta parte confeccionada toda em seda pura com fios de ouro, canutilho crespo brilhante e pedrarias.
ANÁLISE DO DESFILE
DESFILE TEVE NA MANGUEIRA E IMPÉRIO AS MELHORES ESCOLAS[5]
     A Estação Primeira de Mangueira, perfeita do começo ao fim, e a Império Serrano, com um final de apresentação realmente empolgante, conseguindo entusiasmar grande parte das 200 mil pessoas presentes na Av. Presidente Vargas, são as prováveis vencedoras do desfile das Escolas de Samba (...).
ESTAÇÃO PRIMEIRA
     A madrugada de segunda-feira serviu de cenário a uma apresentação realmente extraordinária de uma Escola de Samba. A Estação Primeira de Mangueira fez um desfile que muitos, mesmo os seus integrantes, consideram como o melhor de toda a sua existência. Há muitos anos uma Escola não se apresentava como o fez a Mangueira. Perfeita, de começo ao fim de sua apresentação, obrigou grande parte dos presentes a cantar com suas pastoras o belo samba de Hélio Turco, Comprido e Pelado. Ao contrario do Império Serrano, que só cresceu na metade do seu desfile, a Estação Primeira desde a sua Comissão de Frente, que entrou sambando na Avenida, foi uniforme. Um show de samba, antes de tudo, mas de samba puro, sem a coreografia de mão e cabeça como outras mostraram. Apresentou o samba do morro, desde a primeira Ala – Chove no Mole – aos seus diretores, que choravam no encerramento da apresentação. A Mangueira foi exatamente o contrário do ano passado, quando não teve um mínimo de vibração.
     Para se ter uma ideia do Carnaval da Escola Verde-e-Rosa basta essa referencia, quando o Abre-Alas, sustentado por cinco mastros cromados ligados entre si por cortinados ligados entre si por cortinados de veludo e seda pura, trazendo em cada um a divisão dos séculos, e ao centro um painel com a apresentação oficial da Escola, entrou na avenida, o povo ergueu-se de seus lugares e aplaudiu demoradamente. Ponto por ponto, com o enredo "Rio Através dos Séculos", a Mangueira desfilou assim: primeira parte – Descoberta e Fundação da Cidade do Rio de Janeiro; com 12 Alas, três figuras de destaque e uma alegoria simbolizando a fundação, mostrando Estácio de Sá, com uma das mãos no marco da fundação. Segunda parte: Colonização e Desenvolvimento, defendida por 12 Alas, duas liteiras e uma alegoria, réplica do engenho de açúcar. Terceira parte: Rio dos Vice-Reis – com 27 Alas, duas cadeirinhas, figuras, vários destaque e uma alegoria representando uma carruagem, com uma figura viva no seu interior. Quarta parte: Século XX – 13 figuras de destaque, Bloco Carnavalesco Acadêmicos do Catumbi, nega maluca, Baile do Municipal e nove Alas.
     A maior alegria da noite foi a maravilhosa atuação do Mestre-Sala, Delegado, a maior de toda a carreira e jamais executada por qualquer outro. As fantasias estavam belas e riquíssimas, em todas as Alas. A de Dalva, grande destaque, pode ser apontada como um as mais lindas do Carnaval deste ano. Em conjunto a Mangueira fez tudo que uma Escola de Samba pode fazer. Em evoluções, esteve genial, tudo na base do samba, que só perdeu um pouco fora a inclusão de Anick Malvil na Escola. A Bateria demonstrou ser uma das melhores do Rio. Apenas um quesito poderá tirar pontos – poucos – da Mangueira: alegorias. Na verdade, não estava muito à altura do quase genial Carnaval da Escola. Pelo que mostrou, empolgando uma multidão calculada em 200 mil pessoas, a Estação Primeira de Mangueira, a melhor apresentação ao desfile, deverá ganhar o "Carnaval do Quarto Centenário", se a comissão for justa, porque, quesito por quesito, ela esteve soberba.
 
 


[1]  Informações extraídas do Jornal do Brasil, do dia 04/03/1965, Caderno B, p.06 e O Globo, do dia 05/03/1965, 1º Caderno, p,11;
[2] As informações a partir deste item foram extraídas da Revista de Carnaval da Escola de 1965;
[3] O nosso enredo e nossas fantasias foram baseados nas seguintes publicações e colaboradores;
[4] O enredo da Estação Primeira para o Carnaval do IV Centenário foi idealizado por sua Diretoria e executado pela Comissão de Carnaval;
[5] Texto publicado no Jornal do Brasil, do dia 04/03/1965, Caderno B, p.06.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

CARNAVAL DE 1964

Bateria no desfile de 1965

FICHA TÉCNICA DO DESFILE (01)
GRUPO: Grupo I.
LOCAL: Av. Presidente Vargas (sentido: Candelária- Av. Passos).
DATA: 09/02/1964 (domingo).
HORÁRIO DE INÍCIO DO DESFILE: 00hs.
ORDEM DE DESFILE: 4ª Escola a desfilar.
CLASSIFICAÇÃO: 3º lugar.
PONTUAÇÃO: 49 pontos.
FICHA TÉCNICA DE ENREDO (02)
ENREDO: História de um Preto Velho.
CARNAVALESCO: Júlio P. Mattos.
FICHA TÉCNICA DO SAMBA-ENREDO
AUTORES DO SAMBA-ENREDO: Hélio Turco, Pelado e Comprido.
LETRA DO SAMBA
ERA UMA VEZ UM PRETO VELHO
QUE FOI ESCRAVO
RETORNANDO A SENZALA
PARA HISTORIAR O SEU PASSADO
CHEGANDO A VELHA BAHIA
JÁ NO CATIVEIRO EXISTIA
PRETO VELHO FOI VENDIDO
MENINO
A UM SENHOR
QUE AMENIZOU A SUA GRANDE DOR
QUANDO NO CÉU A LUA PRATEAVA
QUE FASCINAÇÃO
PRETO VELHO NA SENZALA
ENTOAVA UMA CANÇÃO
Ô … Ô… Ô…
CONSEGUIU TORNAR REALIDADE
O SEU IDEAL A LIBERDADE
VINDO PARA O RIO DE JANEIRO
ONDE O PROGRESSO DESPONTAVA
ALTANEIRO
FOI PERSONAGEM OCULAR
DA FIDALGUIA SINGULAR
TERMINANDO A HISTÓRIA
CANSADO DA MEMÓRIA
PRETO VELHO ADORMECEU
MAIS O LAMENTO DE OUTRORA
QUE VAMOS CANTAR AGORA
JAMAIS SE ESQUECEU
Ô … Ô… Ô…
FICHA TÉCNICA DE BATERIA
DIRETOR GERAL DE BATERIA: Waldemiro Tomé Pimenta, o Mestre Waldomiro.
FICHA TÉCNICA DE HARMONIA
PUXADOR DO SAMBA-ENREDO: José Bispo Clementino dos Santos, o Jamelão.
FICHA TÉCNICA DE MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA
1º MESTRE-SALA: Hégio Laurindo da Silva, o Delegado.
1ª PORTA-BANDEIRA: Neide.
2ª PORTA-BANDEIRA: Rivailda Nascimento de Souza, a Mocinha.
ANÁLISE DO DESFILE
MANGUEIRA TRISTE (03)
      A Mangueira veio com uma falha gigante que comprometeu todo o seu desfile: a ausência total e absoluta de vida, de alegria, em seu desfile. Ninguém conseguiu, de ponta a ponta da Avenida, ouvir uma ordem, sem grandes buracos só silaba da letra de seu samba e, não tendo ido aos ensaios, não poderá dizer se ele é feio ou bonito, gordo ou magro, preto ou branco. Simplesmente dirá que não houve samba da Mangueira, porque ela realmente não quis dar ao público aquilo que costuma ser seu item mais forte. Envergonhada não se sabe de que, pois seu samba tinha uma razoável linha melódica e um fecho feliz. Mas se nos lembrarmos da tradição de sambas da Mangueira – e não precisa ir longe, basta recorda o "Relíquias da Bahia", do ano passado ele terá de ser classificado de franco. Na realidade, Mangueira desfilou desorganizada, não só sem vida. Muito bonita mesmo, ficou só nisso e na pureza com que sempre se distingue, pois é quem mais respeita o samba em seus aspectos mais autênticos e parece estar eternamente imune as inovações espúrias. Mas esqueceu-se que samba também é vida, é alegria. E Mangueira desfilou morta. A bateria ficou um tempo enorme parada diante do palanque de turistas e, cerca de meia hora depois. Delegado, abandonou sua Porta-Estandarte sozinha, voltou às carreiras para pedir à Bateria que avançasse, pois ele já não conseguia dar um passo, à míngua de ritmo. A Bateria, então, passou correndo pela direita da pista, enquanto pela esquerda as demais Alas continuavam desfilando silenciosa e desanimadamente. Jamelão parecia brincar com a sua Escola, fazendo questão de silenciar durante todo tempo, de alto-falante e microfone na mão, quando seu papel era exatamente o de cantar. Melancólico, ainda que ela mostrasse Alas muito bonitas e nada mais que o samba. Sua maior alegria esteve na apresentação de Gigi. Ficou como que pedido o seu bom enredo "História de um Preto Velho".



(01) - As informações que compõem este item foram extraídas do jornal O Globo, publicadas no dia 12/02/1964, 1º Caderno, p.06 e no dia 14/02/1964, 1º Caderno, p.05;
(02) - As informações a partir deste item foram extraídas da referência bibliográfica da Agremiação;
(03) - Texto publicado no Jornal do Brasil, do dia 13/02/1964, Caderno B, p.03.