A árvore genealógica da
Estação Primeira.
"Chega
de demanda
Chega
Com
esse time temos que ganhar
Somos
a Estação Primeira
Salve
o Morro da Mangueira" (01)
Aborrecido com a discriminação (justa) que
os integrantes dos demais Blocos de Carnaval da Mangueira tinham com seu Bloco
dos Arengueiros, o compositor Cartola descia as ladeiras, enquanto compunha
esse verdadeiro samba-manifesto. Que conseguiu o milagre de unir todos os
sambistas do morro em torno de uma de uma só bandeira, fazendo surgir a Escola
de Samba Estação Primeira de Mangueira.
Os anos 1920 chegavam ao fim, o morro
estava lotado de famílias de trabalhadores que, procurando moradia barata,
escolheram a colina famosa. E que já fora chamada de "Petrópolis dos
Pobres", no início do século XX, pelos bons ares que lá se respirava. O
velho Morro dos Telégrafos começou a ser habitado pela gente humilde, que erguia
suas casas entre as mangueiras naturais, subindo as construções pelos lados norte
e sul, até se encontrarem no topo, por volta de 1919. Gente humilde, mas
festeira, e se contavam por lá os Blocos Carnavalescos dos Guerreiros das
Montanhas, Triunfos da Mangueira, Pérolas do Egito, Siri Com Arroz, o de Mestre
Candinho, todos em boas relações com os Ranchos Pingo do Amor e Príncipe das
Matas.
Mas, apareceu o tal de Arengueiros, Bloco
da rapaziada braba, que saía para fazer arruaça e provocar confusão. Natural,
portanto, a discriminação. Porém, naquele ano de 1929, um garoto de menos de 20
anos percebeu que seu amor pelo morro e pelo samba eram iguais. Que acabara de
surgir no bairro do Estácio de Sá um movimento novo chamado Escola de Samba,
uma grande ideia. Que os melhores batuqueiros eram os Arengueiros, mas que, sem
a ajuda dos outros Blocos, nada poderiam fazer. Tinham de ser regenerar e
atraí-los. Ele mesmo Cartola, conta como foi:
"Foi na casa do Seu Euclides
(Euclides Roberto dos Santos), no nº 21 do Buraco Quente, que a gente se
reuniu. Estávamos lá, eu, o Satur (Saturnino Gonçalves), o Zé Espinguela, (José
Gomes da Costa), o Abelardo da Bolinha, o Pedro Caim e o Maçu (Marcelino José
Claudino). Resolvemos nos organizar:
- 'Vamos fazer ima coisa séria?'
- 'Vamos!'
Não tínhamos nada. Dançar e ensaiar era na
rua. Arranjamos uma casa, mas no início só apareciam umas trinta pessoas. No
ano seguinte organizamos em definitivo a Estação Primeira de Mangueira. Com
esse nome, por ser a primeira estação da Central do Brasil que tinha samba. Com
as cores verde e rosa que eu escolhi por serem do Racho Arrepiados, que eu
frequentava com meu pai, quando era menino em Laranjeiras. Aí já tínhamos local
para ensaiar e o pessoal foi se chegando aos poucos.
Os Arengueiros, os que não prestavam,
começaram a impor respeito e organização. Saímos no ano seguinte no ano
seguinte, ainda com pouca gente, mas já representando o Morro. Fomos disputar
com o Estácio, com Favela. Foi então que fiz o samba "Chega de
Demanda" e os demais Blocos foram se chegando. O amor ao morro falou mais
alto. Convencidos que estávamos mudados, todos se uniram conosco, era o nome da
Mangueira que estava em jogo. Acabaram-se os bloquinhos, fez-se a junção geral.
Nasceu a poderosa Estação Primeira de Mangueira".
Chico Porrão.
Na valentia no morro da Mangueira, Chico Porrão era destaque. Forte, não enjeitava parada, além de grande figura do Bloco dos Arengueiros. "Brigava bem de pau, mas preferia navalha" contava Cartola. Quando resolveu tomar juízo (como todos os Arengueiros), acabou sócio nº 01 da Mangueira. Teve importante atuação como dirigente da Escola, durante anos.
Chico Porrão.
Na valentia no morro da Mangueira, Chico Porrão era destaque. Forte, não enjeitava parada, além de grande figura do Bloco dos Arengueiros. "Brigava bem de pau, mas preferia navalha" contava Cartola. Quando resolveu tomar juízo (como todos os Arengueiros), acabou sócio nº 01 da Mangueira. Teve importante atuação como dirigente da Escola, durante anos.
Cartola.
Ícone da música popular brasileira,
Cartola (Angenor de Oliveira) amava a Mangueira e o samba que se fazia lá. Foi
o responsável pela união dos sambistas e pela fundação da Escola de Samba
Estação Primeira de Mangueira.
Carlos Cachaça.
Adiantou o escrivão anotar Carlos Moreira
de Castro na certidão do menino? O pai, Carlos Moreira de Castro, e a mãe
(rainha sem nunca ter coroa) Inês de Castro, bem que imaginaram uma profissão
para o filho: médico, advogado ou diplomata. Local do nascimento? Morro da
mangueira. resultaria em quê? Carlos Cachaça, poeta maior.
Documento que aponta a fundação da Agremiação em 28/04/1929.
Mangueirenses divergem quanto à data de
fundação da Escola. Pesquisadores e historiadores também não conseguem
estabelecer dia, mês e ano, que possam ser confirmados como os do aparecimento
da tradicional Escola de Samba do Rio de Janeiro.
Apoiados principalmente nos relatos de
velhos moradores do morro, os pesquisadores Roberto Moura e Marilia T. Barbosa
da Silva dão a fundação da Mangueira como acontecida no dia 28/04/1928. Se fosse
certo, esse dado a transformaria na primeira Escola de Samba surgida no Brasil,
fato reconhecido pela história da Deixa Falar, que nasceu em 12/08/1928.
A história oficial da Mangueira adota
abril de 1928 como verdadeira, mas a carta (à cima) apresentada por Sérgio
Cabral, em seu livro "As Escolas de Samba do Rio de Janeiro", parece
acabar com as dúvidas. Enviada ao radialista Almirante, em papel timbrado,
lê-se claramente: "Fundada (sic) em 28/04/1929.
(01) - CHEGA DE DEMANDA – Cartola.
* Os textos e as fotos (com exceção da 1ª
que é do Palácio do Samba) foram extraídos da coleção História do Samba, capítulo 05, p.'s 82-85.
(01) - CHEGA DE DEMANDA – Cartola.
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